Quem tem mais de 50 anos de idade deve se lembrar de um clássico do cinema brasileiro chamado: Matou a família e foi ao cinema, filme do gênero drama, dirigido por Júlio Bressane em 1969 e regravado em 1991 que conta a história de um rapaz, “Bebeto”, após discutir com seus pais, mata-os a navalhadas e, em seguida, vai ao cinema, onde assiste impassivelmente quatro filmes de curta metragem.
Na época, apenas uma ficção e até exagerada, pois as pessoas achavam que isto jamais poderia acontecer. Mero engano... Hoje isto se tornou uma coisa comum. Basta ver casos recentes como o de Suzane Richthofen acusada de ter planejado a morte dos próprios pais, com o auxílio de seu namorado. Ela era descrita por colegas da faculdade como meiga, simpática e um pouco tímida e sempre foi popular entre os amigos.
O que levaria então esta menina fazer esta barbaridade? Outro caso “cabuloso” foi do ex-seminarista Gil Rugai acusado de matar pelas costas seus pais com 6 tiros de pistola. Até aí tudo bem, pois são adultos e capazes de armar toda uma trama e cometer os crimes. Só que agora amigos, 99% dos brasileiros estão neste momento se perguntando: Porque uma criança de 12 anos mataria seus pais, avó e tia com uma arma de potente calibre, deixasse os corpos em casa e depois, dirigindo o carro do pai fosse para escola, assistido aula normalmente e depois voltasse para sua casa e em seguida se matasse? Eu estou perplexo, mas como acredito até em disco voador, pode ser que isto tenha acontecido, mas confesso, não posso e não quero acreditar nisso.
Segundo especialistas, uma criança matar mais de um parente e em seguida se suicidar é incomum na criminologia. Para pesquisadores em segurança e em comportamento psicótico, é raro em todo o mundo ver casos de pessoas que promovem um massacre na família, principalmente quando se trata de crianças. No Brasil, não há dados estatísticos sobre crimes resultantes de um quadro psicótico cometidos por menores de Idade.
Mesmo nos EUA, onde existem literatura e estatísticas de quem mata pelo menos um dos pais correspondem a 2% dos homicídios, e quem mata vários membros da família é muito menos. Criança dessa idade que comete suicídio após o crime é mais difícil ainda.
Quando isso acontece há um histórico de grandes conflitos domésticos, abuso sexual, interesse financeiro e etc. Já o psiquiatra forense Talvane de Moraes, afirma que, pela literatura internacional, ocorrências com características apontadas pela polícia de São Paulo no caso desse menino têm um percentual abaixo de 1% da população.
O que surpreende é a idade. A maior freqüência desses casos é em adolescentes de 16 a 18 anos. O psiquiatra ainda ressalta que, se aconteceu, é uma exceção mesmo entre os casos de doentes mentais. No entanto, segundo ele, é possível uma criança premeditar um crime quando tem esquizofrenia ou está sob um surto.
Os sinais de uma doença psiquiátrica podem aparecer lentamente ou a crise pode até ser momentânea. “Ás vezes, os pais não percebem os sinais, que podem ocorrer de tal maneira insidiosa. O adolescente é rebelde por natureza, é inquieto, e por isso pode ocasionar mascaramento dos sintomas.” Mas é preciso ter cautela:
Não quer dizer que todo garoto rebelde esteja vivendo um quadro como esse. Em casos de surtos, a criança não sabe distinguir as relações de afeto e quem são os parentes mais próximos. Os sentimentos de amor, solidariedade e compaixão pelos pais e familiares podem cair por terra. Há atitude pragmática no crime comum, que visa algum resultado. Em casos de surtos, não existe nenhum pragmatismo. Ele diz que, de acordo com alguns indícios, o menino poderia ter sofrido um quadro assim. “Todas as pessoas que ouvem o caso têm uma sensação de estranheza por uma criança ter matado os pais.
A ocorrência por hipótese de um surto se manifesta exatamente pelo irracional. O surto foge da regra.”
Agora muitas pessoas ficam falando que a culpa desses acontecimentos é porque hoje os meninos brincam com armas e tal. Eu particularmente não acho: Em meu tempo, brincávamos de “Cawboy”, bandido e mocinho e etc., e não vi nada disso. Claro que o mundo hoje está diferente. Tem internet onde jorra mais sangue que informação, mas acho que não se justifica. Se essa criança cometeu mesmo este crime com tanta perfeição, eu não sei mais o que pensar.
Ontem, dia dos pais, um dos dias mais felizes da minha vida, com a presença de meus filhos e netos, lembrei-me deste caso mais uma vez e, olhando para meu netinho de 11 anos me emocionei, como se isto tivesse acontecido com um amigo, parente ou coisa parecida. Como nada disso é impossível nos dias de hoje, que isto sirva de alerta para todos nós pais e avôs.
Devemos estar sempre ligados no que a criança faz e como se comporta. Já dizia o grande poeta "Gibran Khalil Gibran" "Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, porque eles têm seus próprios pensamentos. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força para que suas flechas se projetem rápidas e para longe. Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria: Pois assim como ele ama a flecha que voa, ama também o arco que permanece estável.” Tomara que esta criança não tenha cometido este crime horrível e, que Deus acolha suas almas. Até a próxima.
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